Abelhas...




“Era uma vez uma raposa e uma cegonha, que pareciam estabelecer uma relação de amizade. Um dia a raposa convidou a cegonha para jantar. Querendo pregar uma peça na outra, serviu sopa num prato raso. Claro que a raposa tomou toda a sua sopa sem o menor problema, mas a cegonha com seu bico comprido não pode tomar nada, e voltou para casa morta de fome. A raposa fingiu que estava preocupada, perguntou se a sopa não agradou a cegonha, mas a cegonha não disse nada. A cegonha agradeceu muito a gentileza da raposa e disse que fazia questão de retribuir o jantar no dia seguinte. Assim que chegou, a raposa se sentou morrendo de fome, curiosa para ver as delícias que a outra ia servir. O jantar veio para a mesa numa jarra alta, de gargalo estreito, onde a cegonha podia beber sem o menor problema. A raposa, só teve uma saída: lamber as gotinhas de sopa que escorriam pelo lado de fora da jarra, e voltou para casa faminta”.



Quando algo perturbador acontece, gerando sofrimento ao indivíduo, a sua imaturidade psicológica se sente ameaçada. Vem então à tona, oriundo de registros desconhecidos armazenados em seu inconsciente, sob a ordem do desejo, aquela voz que lhe exige a reparação, traduzindo-se (mal e parcamente) na aniquilação do seu opositor.

Necessariamente neurótico, o indivíduo vingativo é um vitimado, e dominado pela própria sede de poder. Ora, se ambiciona, é porque lhe falta, e se a falta se volta ao outro, é porque inveja. Inveja todos aqueles que estiverem em melhores situações psicológicas que a dele. A perversão aqui se dá, quando fingem relações, tentando se aproximar, e manipular os alvos da própria inveja. Isto até que se ergam mostrando os caninos com os primitivos e escassos recursos da tirania e insensatez.

Então, meu caro enfermo de voz pseudo trovejante (sim, o texto tem destinatário), preste atenção. Se eu, que sou eu, me encontro necessariamente, tal como provam os fatos, em uma condição psicológica melhor que a tua, a ponto de provocar-lhe tamanha inquietação, fixação, tentativas frustradas de aniquilamento, e na falta de fios reais, apelar para acusações infundadas, num pobre anseio de me ferir, eu lamento muito te informar, mas tu deves estar bem ferrado.

Desculpe-me se te deixo dando soquinhos no ar, mas aí já entra a minha própria perversão, é divertido para mim vê-lo fazendo. Mas como perdão é virtude dos fortes, eu te perdôo, e resolvi te alertar aqui, sobre ti mesmo, vide o presente texto.

Vou esperar tu ires buscar um pires (talvez um balde) para pingar a babinha espumosa da tua raiva aí, vai lá... Respira... Tá melhor? Ok, segue o barco, eu sei que deve estar difícil, mas tente ler isto atentamente:
“Ao armar-se de calúnia e de outros mecanismos de perseguição, contra aquele a quem odeia, está realizando uma luta inconsciente contra si mesmo. (...)Além da inferioridade moral que tipifica o vingador, o seu primarismo emocional elabora razões ponderadas que são arquitetadas pala mente em desalinho, para justificar o prosseguimento da façanha.”

Então pensa comigo, e vê se te faz algum sentido. Eu imagino o quanto que a minha existência te seja ameaçadora e irritante. E sim, confesso que a minha pequenez faz com isso me envaideça. Eu, nessa minha busca incessante por amor incondicional desde que me cortaram o cordão umbilical e me individualizaram no mundo, sempre adorei as manifestações ambivalentes de amor e o ódio, é a indiferença que me maltrata. Mas se neste caso, nem isso iria me ferir, é porque não tem mais jeito de tu entrares, não adianta ficar querendo fazer estrondo na porta. Estes aliás, me incomodam assim como aqueles insetinhos de banana. Da uma balançadinha do ar, e pronto, nem mover-se para matar tu te moves porque não vale a pena. Então, qual é a lógica? Exato, muito bom, nenhuma.

Tem pessoas que nasceram para liberdade e outras para escravidão. Mas lembra-te, que nenhuma grade, amarra, ou espora pode tirar a liberdade de um homem. Tu podes ser livre, mesmo sendo pegasus atado ao celeiro, como Freud dizia se sentir. Posto isso, eu então te lanço a seguinte pergunta: porque será que a abelha perde a vida? Insetos... Ah, pobres insetos. Leões e abelhas. Então, novamente, pensa comigo. Que tal ir amar alguém (não eu)? Que tal ir passear ao por do sol, ler um livro, balançar na rede, brincar com um cãozinho, buscar a poesia das auras, admirar as formas puras, tomar chuva, olhar as estrelas, apaixonar-se? Que tal existir? Sério, tem coisas bem mais legais do que eu, e do que teu mundinho, no mundo lá fora.

Mas eu bem sei, que nada adiantam estas palavras para um homem encarcerado em si mesmo. Ele já é escravo. Mas se perdão é devolver ao outro o que é dele, não tenho outra escolha senão te devolver à própria senzala. Torço por ti. Um abraço, assinado, pela frente, e de peito aberto, como se faz por aqui, no povo do qual eu venho.

5 comentários:

  1. ...tu me faz rir.
    creio que eu deva ser muito importante para ti. A ponto que dedicastes este testo inteiramente a minha pessoa.
    Se tem alguém que morre de raiva de certas coisas, essa pessoa é a Manuela.
    Esta mulher vive no mundo da lua, a maioria das coisas que escreve, não são vividas por ela, e se são, são de pura falsidade.
    Quer ser o que no fundo não é..Nem nunca vai conseguir ser.
    Pois, se pra ti isto é diversão, pra mim muito mais. E este meio tempo que perco escrevendo-te estas coisas, é um minimo de tempo, entre as muitas que faço em meu longo dia. Fique certa de que também perco meu tempo elogiando quem realmente merece.
    E não te envaideça, pois tuas mão de homem com tua veias saltadas, demostram o quanto és altruista. Não tenho inveja de pessoas que não vivem.
    Tu falas de mais. Quer que todo mundo te siga, siga tuas ideias bizarras, porém o que falam de ti pelas costas é o que realmente tu és, e não aquilo que pensas ser. Com certeza és a pessoa mais retardada que já conhecemos. Agora, poupe-me com discursos baratos e muitos deles copiados.

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  2. ... mas eu bem sei que nada adiantam estas palavras..

    (suspiro)

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  3. Ai, ai, minha querida amiga Manuela. É ou não é inebriante a sensação de não estarmos no mundo a pesseio? O contrário do amor é a indiferença, todos sabem. O ódio é um vizinho barulhento do amor.

    Manu, você incomoda o mundo. E este é o maior elogio que podes receber de alguém.

    Um beijo.

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  4. Cara, concordo muito com esse “testo” do anônimo!

    Primeiro, é verdade que tu vive no mundo da lua!!!
    O termo vem da forma como os gregos compreendiam o céu. Os astros luminosos eram símbolos da consciência e da mente humana. A Lua era o astro que iluminava a noite, simbolizava entre outros os estados de alma, inconsciente, emoções e transmutação. Era o lugar da alma dos artistas. Apropriado pra ti.

    Segundo, tem muita coisa que tu nunca vai conseguir ser, por mais que queira. Normal por exemplo. Normal vem norma, tu nunca vai ser padrão. Normal na tua idade não é ter crise existencial, é ir pra balada todo final de semana e se limitar a escrever lista de compras. Te conforma.

    Terceiro, tu é altruísta SIM!!! Saca que o termo foi criado pelo filósofo francês Augusto Comte e segundo ele seriam três modalidades:
    * Apego: vínculo que os iguais mantêm entre si;
    * Veneração: admiração pelos que vieram antes, como os ancestrais;
    * Bondade: sentimento que os mais fortes têm em relação aos mais fracos;
    Não tem como negar essa.

    Quarto, tu falas de “mais”. E de “menos”, e de “vezes”, e de “dividido”. Verdade. Tagarela!!!

    Quinto, tu tem idéias bizarras. Como sempre foram consideradas as idéias das grandes mentes à frente do próprio tempo. Vai assistir novela da Globo, te liga guria! Retardada!

    huaheuahueheuaheuhauehua

    Ai.

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  5. anonimo que se esconde no anonimato não é nada respeitável, meu velho se está aqui pra ler o que essa garota escreve e se ela escreve com tanta gana de ti use teu nome que uma imagem a ser degradada é mais respeitável que um esconderijo vazio..ter decencia na resposta é o mínimo...

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