A hora da Partida





Fiz um pacto comigo. O de escrever este texto até o final sem chorar. Um desafio a tudo o que aqui dentro ofega, ergue, lembra, cursa, agita. Justo eu, que conheço tão de perto a partida. Essa sem ter planos e de poder voltar quando quero. Mas tem um problema sério, que se chama eco. Explico.

Uma das coisas mais tristes na vida, é encontrar alguém que te faz crer que existe um eco no mundo para tudo aquilo que te enlata o peito, te transborda pelas palavras por que nelas não cabe, te descolore de sonho em carga diária. A promessa de que há, mas não vem. Aquele quase, aquele perto, aquele um pouco antes, um pouco depois, você nem sabe mais onde no tempo. Aquela saudade imensa que fica de tudo o que não se viveu. Isso é uma das coisas mais tristes na vida.

No caso presente, o problema foi ter encontrado o eco ressonante, um irmão de existência, um bicho como tu, ter sentido o peito desentupindo, a palavra cheia e já desnecessária e a vida à cores de arte surrealista. A vivência de que há, de que veio. Aquele todo, aquele encontro, aquela hora exata, aquele além de tempo e espaço. E ele partir, para deixar aquela saudade absurda de tudo o que se queria continuar vivendo.

Mas isso é pequeno. Grande é tua existência ter feito marca na minha de forma tal que eternizastes a ti mesmo em mim. Grande é tua liberdade em ser do mundo, de voar alto, de desprender-se, de arriscar. Grande foi tudo que tu trouxestes e que vai ficar presente na tua ausência, sacramentado na minha vida e em tudo o que dela parte. O efeito se vê ao redor.

Poucos são os que sabem o que fazer com as próprias asas. A saudade é só um lado da mesma viagem, o mesmo trem que chega é o que parte. Obrigada por tudo! Meu mundo tu já marcastes, agora é o outro mundo que te aguarda. De qualquer forma, sempre esqueceremos do mundo quando nos encontrarmos, mesmo que por vias metafísicas. Vou acabar antes de quebrar meu pacto inicial comigo mesma.

2 comentários:

  1. Tu sabe que não te ganho no verbo, mas aqui dentro pequena...ah!
    Não tenho palavras mesmo. Porque tu és uma das pessoas mais incríveis, a coisa mais inexplicável que o vento já trouxe nesse incerto percurso. Levo uma fotografia grafada no peito de ti cantando essa música. E como eu não fiz pacto algum, chorei aqui.

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  2. A coisa mais triste do mundo!!! Incrível, neste caso, quisera ser eu!!! Minha irmã mais ausente, comecei a te ler!!!

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