LE PETIT MORT



Cala-me o pranto

Tira-me a adaga

Seca-me a lagrima

Ouve-me o canto

Lava-me a dor

Alivia-me o peso

Destrava-me o peito

Derrete-me o gelo

Desvia-me o trilho

Leva-me a angústia

Devolve-me o brilho

Desata-me os braços

Neutraliza o veneno

Suaviza o amargo

Retoma-me os laços

Relembra-me o compasso


E no meu desalento

Devolve-me o senso

Ou dai-me o silêncio

Da morte em consenso

Conjugando os Quereres



(para meu amigo querido, que eu sempre vou querer em minha vida)

..





.....

Eu quero, tu queres
E nos olhamos
Eu quero, tu queres,
Nos beijamos

E o tempo marcha
Bem me quer?
Mal me quer?
Bem que eu queria

Esse meu “eu” que começa
A te querer mais e mais
Encontra no teu particípio
Um me ter como “querido”
Aos poucos me deparo
Com este “tu” e “eu” plural
Formamos um nós

Mas me engano (porque quero)
Nada tem de perfeito este presente
Teu querer não preenche
A totalidade do meu

E no espaço que sobra
Eis que chega um ele
Sim, maldito o seja
Essa terceira pessoa singular
Um gerúndio no caminho
Este “ele” esta querendo
Mas, e tu?

Sim, tu queres
(e eu padeço)
E ele quer
(e eu execro)
E vós quereis

Te mando pra bem longe
Tu que andavas tão perto do meu eu
Virou-me uma estranha

“Tu” agora, são “eles”
E sigo sozinho
Com as mãos amarradas
Sem mais o que poder fazer
Além de permanecer na solidão do infinitivo:
Querer