TANGO E ROCK ‘N ROLL























Eis que me surge no meio da pauta
E destoa de forma estrondosa
Com apenas uma nota discórdia
Faz a música vibrar tão mais alta

Mesmo que em estirpes diferentes
Meu ruído transgressivo não te falta
E teu drama também em mim ecoa
Transpassado em teu acorde que me soa

Eu reluto, mas me tomas com firmeza
E quando me vejo, "nel giro" me tranças
Adorna-me a cintura, enrosca minha coxa
Num compasso a dois por quatro ardo em chamas

Sem espera em “cruce adelante” me envolve
Para em “la salida” devolver-me aos três acordes
Mas é tarde, mudastes a batida
E são pedras que me rolam na partida

No olhar fixo, e sem desvio me cobiça
Conduzindo passo a passo para Arena
Me arrasta, na serenata me dominas
Já me guias, e me saldas sem premissa

Eis que o solo cessa, e dança o par
“Nel arrasto” tu me levas em teus passos
Já sem fôlego me dissolvo no suspiro
E equalizo quando morro nos teus braços

Blues de Elevador




Agora me parece que as
palavras não dão conta...
vou ter que recorrer ao subliminar...

...
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...
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“Ora quem é que não sabe
o que é se sentir sozinho?
Mais sozinho que um elevador vazio

Achando a vida tão chata
Achando a vida mais chata
Do que um cantor de soul

Sou eu quem te refresca a memória
Quando te esqueces de regar as plantas
E de dependurar as roupas brancas no varal

Só faz milagres quem crê que faz milagres
Como transformar lágrima em canção

Vejo os pombos no asfalto
Eles sabem voar alto
Mais insistem em catar as migalhas do chão

Sei rir mostrando os dentes
E a língua afiada
Mais cortante que um velho blues

Mas hoje eu só quero chorar
Como um poeta do passado
E fumar o meu cigarro
Na falta de absinto

Eu sinto tanto
Eu sinto muito
Eu nada sinto

Como dizia Madalena
Replicando os fariseus
Quem dá aos pobres empresta
Adeus”

Apesar do ar de ressaca com notas de humor sarcástico...
E chego a ver certa graça na "des"...
Incrível como pareceu quando te apertei o peito no meu,
e almejei desatar o nó da tua angústia...
E na tua falta de holding, segurar teu desamparo...
Só consegui sair de peito (mais) apertado!

Destranquei a porta
Sim, meio sem querer
Mas também querendo

Não sabia nada do fora
Se calor ou frio, se dia ou noite
Mas mesmo que advinda do sol ou da lua
Quem sabe não haveria luz?

Destranquei a porta
Embora receosa, forçei a chave
Já tão gasta pelo tempo
Que ruía ao contornar

E toquei meu rosto em sua solidez
Arriscando ouvir os sons de fora
Pareciam estrondos de vida
Mas isto pelo lado de dentro

Destranquei a porta
E entre eu e a porta
Um mundo novo lá fora
Parecia se impor e recolher

E tocastes no trinque
Não mais do que isto
Sem alento suficiente para gira-lo
Afinal, o que haveria ali dentro?
Quantas outras portas?

Mas destranquei a a porta
E confesso que gostei
Mesmo que contigo não o tenha sido
Vou seguir com ela apenas fechada