Fizestes-me cair e não somente
Mas permanecer de joelhos por ti
Ate que passei desesperadamente a te procurar

Antes apenas fitava-me de longe, num flerte sedutor
Mas por baixo da minha roupa me rendi as tuas garras
Que me feriram até os ossos

Enganou-me
Fez-me pensar que meu corpo poderia acompanhar
a flutuação da minha alma
E foi uma mentira tão envolvente,
Tão suave, tão áspera
que passei também a mentir em teu nome

Aos poucos tomou conta de tudo
Andando por meus corredores
Decifrando meus labirintos
Atou-me as mãos
Escureceu meu mundo

Convenceu-me que poderia voar
E quando eu não estava olhando
Retalhava minhas asas

Na saúde ou na doença
Estava disposta a estar ao seu lado
Até que a morte nos separasse (ou nos unisse)

E me tomastes para ti com tanta intensidade
Que mesmo tendo descoberto tua falsa identidade
Ainda sinto teu transe, mesmo que não mais
renda minha carne as tuas garras

E estou longe, bem distante, mas admito
Por vezes, naquele silencio do quarto, na calada da noite
Ou na multidão solitária, em pleno raiar do dia
Ou no aperto no peito, sempre presente
Me vejo sentindo falta de teus cortes

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