Rosa-dos-Ventos



Eu tremo.

Falha o equilíbrio. E abro os braços. Ao oeste, todas as outras sortes e fadários parecem se confundir. É ali que elas se põem, e se vão, sob a luz dourada que o horizonte emana pelo céu em degradê, obra do acaso, obra sagrada. Balanço.

Espaça o equilíbrio. E contraio os extensores. Ao leste paisagens e essa saudade imensa. Por ali que a Terra gira em torno do próprio eixo, por ali tudo começa. Onde nasce o Astro Rei, lugar do brilho e da luz, equinócios em eclipse ao equador celeste. Vacilo.

Vaga o equilíbrio. E estabilizo a coluna. Ao norte o outro vento, onde eu não vôo e não vou. Constelação da Ursa Maior. Quente como meu desprezo, quente como meu marasmo, morno como meu repúdio. Não me move nem comove, mas me inquieta. Hesito.

Falta o equilíbrio. E ergo a cabeça. Ao Sul minha casa, minha terra, meu povo. Meu Minuano que uiva como lobos, corre. De mim, do meu centro, ele nasce. Circula por toda escuridão, por todas as noites e manhãs, torneia as colinas e os pampas e volta aqui pro meu peito, onde cessa. Minha direção, meu destino, minha vida, minha morte, meu desejo. Oscilo.

Eu tremo.
Eu balanço.
Eu vacilo.
Eu hesito.
Eu oscilo.
Mas insisto em não cair.

3 comentários:

  1. Viver é andar na corda bamba.
    Belo texto!

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  2. Gabi, fizestes a síntese perfeita da idéia deste texto.
    Beijo

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  3. sou leitora fiel do seu blog, adooro... nunca comentei mas desde que o descobri venho todo dia conferir se tem novidade!
    Parabéns seu texto ta Lindoo, asssim como a maioria dos outros!
    Um dos melhores blogs que leio!

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