7 PECADOS CAPITAIS



Quando envolta em cólera
No incandescer do sangue frio
Intoxicando pelas válvulas e órgãos
Corre quente, cáustico, ardente

De uma voracidade exacerbada
Transbordante que não posso digerir
Ao ponto de insustentável à garganta
Mas sigo com fome de mais e de tudo

E invejo como o sol cobiça
Aos luares de outras noites
Aspirando tudo que não possuo
Quero o que às estrelas pertence

Me tomo em imponência desmedida
Numa onipotência majestosa
E não me falha onde me fraudo
Mas me engrandeço por sabê-lo

E por repudiar a escassez
Economizo além do que devia
A trancafiar riquezas e relíquias
Sem despedidas por minhas partidas

Tudo aquilo que deixo para depois
Integra o que não me dará no hoje
Prefiro transitar no martírio
Pois só assim alcanço o alívio

E nessa minha impulsividade desenfreada
Tenho na luxúria o hedonismo mais doloso
Pelo exagero, em demasia e paro o excesso
Onde broto, permaneço e me desfaço

E que me atirem os rochedos ao telhado
Pois ainda tenho outros pecados resguardados
Que por blindagem a qualquer pedra atirada
Não rescindem, nem abalam
Fui feita de vento e fogo
E quando em ferro me faço
Em aço me transformo

4 comentários:

  1. Que texto manuelíssimo.

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  2. Te imaginei num buteco daqueles que vikings frequentavam bebendo em chifres, andando e apontando de mesa em mesa, pirofagiando essas palavras com uma voz incadescente.

    Beijo, sua Valkiria.

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  3. Com o quadro do Bosch (gênio), tu fez um casamento perfeito nessa poesia.
    Sério guria, tu é de outro mundo.
    Te adoro, saudade.

    PS- Faz sol em Londres...

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  4. belas palavras uasadas de forma encantadora!!!
    gosto do seu jeito de escrever...

    continuarei a ler sempre seus textos,

    Sds,
    do cara que vc negou o msn atravéz do Gabito...

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