Rosas do cotidiano




Se por onde passo, arrasto.
No passo, no lastro, no riso
Fica sempre o espaço guardado
Esse que não é de ninguém
Esse que é do mundo inteiro

Lembranças sorrateiras
Visitam-me de madrugada
Sorrisos petrificados
Já me escorrem pela face
Sem garantia de memória futura

De lembranças, quero os olhos
Os mesmos olhares calados
Até que percebo que não são lembranças
Até que entendo que estão fixados

E descubro que desconheço o sossego
O silêncio é um grito contido
A claridade é a ausência de escuro

Continuo passando sem passeio
Continuo sentindo sem abrando
E se tento é atentado
O dano tem gosto de morte
A dívida, de vida inteira

O espinho da flor é abrigo
Mas fere sem justificativa
A lâmina do corpo é só tristeza
A lâmina no corpo, também

Nenhum comentário:

Postar um comentário