(Espera)nça

Nada me desgasta nem me sufoca tanto quanto ter esperança. Cada um desses soprinhos de esperança são como uma esgotamento contínuo cujo fim nunca vem, então creio que deva ser pior que morrer em si. Vai matando aos pouquinhos, e nada do que vem aos pouquinhos pode ser bom. 
Esperança vem de espera, e espera não sei de onde vem, mas deve estar bem perto de impotência total, das mãos atadas, do ter que assistir a cena de camarote e segurar o estômago entre os maxilares. Eu te espero. Talvez eu tenha perdido a hora, simples assim. Tu, que para mim tens a preciosidade de uma jóia, preferiu rolar feito pedra de construção, talvez da mesma que eu arquitetei e que alicerçou a primeira frase. Apesar disso tudo, dizem que é a última que morre, então certamente a minha deve morrer depois de ti. Mas... espera um pouco. E isso é vida? 
Se a condição de te ter ao meu lado é manter meus olhos fechados, meus ouvidos tapados, meu coração pendurado no soro, lamento. Prefiro te perder a concordar com tua morte. Enfim, sem fim, te deixo um suspiro.

8 comentários: